domingo, 22 de maio de 2011


Um homem com um garfo numa terra de sopas, de Jordi Sierra i Fabra
(*****)



Resumo:

Isaac recebe a notícia que o seu irmão Chema Soler suicida-se pouco tempo depois de receber o prémio tanto esperado da melhor foto, uma foto que sua imagem era uma senhora com seus filhos mortos
No México, Isaac foi a procura de pistas para o suicídio de seu irmão, e encontrou uma carta de despedida, mas não dizia o motivo, de tal acontecimento apenas dizia para ele descobrir o que faz um homem com um garfo numa terra de sopas. E Isaac vai fazer de tudo o que está ao seu alcance para satisfazer o último desejo do seu irmão.
Muita gente perguntou porque que o fotografo Chema Soler estava lá e não ajudou ninguém. Chema ficou com isso no pensamento, e como um dia a noite viu a sua reportagem na TV e o que ele queria já tinha, que era o prémio, chegou ao ponto de cometer o suicídio.
Isaac percebeu logo o motivo do suicídio, isto é, foi por causa da tal reportagem, que Chema sentiu-se mal por tudo o que tinha vista e nada ter feito e isso levou a ele cometer uma grande asneira, o suicídio.
E o Isaac descobriu o que fazia um homem com um garfo numa terra de sopas, o homem era o Chema num mundo que já não fazia sentido.




Comentário pessoal:

Eu achei esta obra muito interessante, foi sem dúvida uma dos melhores livros que li até hoje.
Foi uma obra na qual tive vontade de descobrir tudo, até ao mais pequeno pormenor, isto é, de a ler até ao fim quase sem conseguir parar. Esta é constituída por muita acção, na qual o autor puxa muito pela curiosidade do leitor, uma vez que nós leitores ficámos muito ansiosos para conseguir responder à pergunta feita por Chema, isto é, perceber o significado do título da obra.
Este é um daqueles livros no qual conseguimos comprovar, algo que eu já sabia que é: quando se gosta muito de uma pessoa, e os laços que as unem são muito fortes somos capazes de fazer tudo por ela. Foi o que aconteceu com Issac, que fez de tudo para conseguir concretizar o último desejo do seu adorado irmão Chema. Deste modo, a personagem que mais gostei neste livro foi Issac, pois demonstrou ser uma pessoa muito forte e corajosa.
Este é um livro curto, com um vocabulário muito simples, mas têm uma mensagem que toca os nossos corações de uma maneira especial.
Quem gostar de histórias comoventes, esta é sem dúvida uma excelente escolha.



Para saber mais …








  Esta foto trouxe a fama mundial a Kevin Carter, fotógrafo sul-africano, concedendo-lhe o prémio Pullitzer de 1994 para melhor fotografia.
Esta foto levou Kevin Carter ao suicídio.
Carter tirou a fotografia no Sudão, quando lá foi fotografar a imensa tragédia da fome causada pela guerra civil. Nas planícies desérticas Carter deparou-se com uma menina, que rastejava em direcção a um distante posto de alimentação, enquanto era observada por um abutre.
Kevin tirou a foto genial, enxotou o abutre e partiu junto com outros jornalistas em busca de outras fotos.
Não se sabe o que aconteceu à menina, abandonada à sua sorte, mas julgando pela sua condição e sabendo que milhares morreram à fome no Sudão naquela altura, não é difícil imaginar o seu destino.
O posterior peso na consciência, aumentado pela popularidade trazida pela imagem e pela curiosidade mundial em saber o "porquê" da escolha de ser observador e não salvador, provou ser pesado demais para Kevin Carter.


Suicídio:

Em 27 de Julho de 1994 levou seu carro até um local da sua infância e suicidou-se utilizando uma mangueira para levar a fumaça do escape para dentro de seu carro. Ele morreu envenenado por monóxido de carbono aos 33 anos de idade.




Biografia do autor


Jordi Sierra i Fabra nasceu a 6 de Julho de 1947, em Barcelona. Jordi é um escritor espanhol que nas suas narrativas, aborda todos os géneros literários (ficção científica, romances policiais, história, poesia, ensaios, realismo crítico, entre outros).
Nos últimos 25 anos, suas obras de literatura para crianças e jovens têm sido um sucesso de vendas.
Foi também um estudioso notável de rock desde o final dos anos 60. Fundou e foi director de várias revistas como ”El Gran Musical” e “Super Pop”, tendo em 1977 deixado a literatura musical.
O autor começou a escrever cedo. Dos 8 aos 12 anos, escreveu sua primeira longa novela, de 500 páginas. Em 2009, já tinha passado os 9 milhões de livros vendidos em Espanha.
Muitos de seus romances foram trazidos para o teatro e alguns para a televisão. Em 2006 e 2010, foi nomeado para o Prémio Nobel de literatura para jovens, o prémio Hans Christian Andersen, representando desta forma a Espanha.
Em 2004 criou a Fundação Jordi Sierra i Fabra, em Barcelona destinada a promover a escrita nos jovens.
O seu estilo literário simples, marcado pelo diálogo, ritmo, sons, e suspense, tornou – o um dos autores favoritos dos jovens leitores.



Crónica dos bons malandros,
de Mário Zambujal
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Comentário pessoal:

A «Crónica dos Bons Malandros», de Mário Zambujal, é na minha opinião um excelente livro.
É um livro recheado de aventura, acção e muita comédia, proporcionando também ao leitor várias emoções, que vão desde o espanto até ao riso, as ideias que Mário Zambujal passou para o seu livro deixam todos de boca aberta.
Gostei bastante desta obra, pois esta permite – nos ver por dentro como funciona o mundo da criminalidade e da marginalidade, visto que são assuntos tão referidos nos dias de hoje.
Este, apesar de ser um livro muito cómico, retrata também o carácter da sociedade actual. Uma sociedade marginalizada, vingativa, traiçoeira, falsa, que não liga a meios para atingir os seus fins. Cheguei a esta conclusão, após ver a atitude de Silvino no final do assalto ao Museu Gulbenkian. Este só demonstrou não possuir espírito de grupo, pois na verdade todos os membros da quadrilha após o assalto poderiam ter ficado ricos, mas não, Silvino só pensou em si, ficando com todas as jóias roubadas.
Na minha opinião, é um bom livro, de fácil leitura, para além de ser muito pequeno.
Por todos estes motivos e muitos outros aconselho a que o leiam!



 Biografia do autor

Mário Zambujal nasceu a 5 de Março de 1936, no Alentejo. Viveu a sua adolescência no Algarve e foi aí que nasceu a sua carreira de jornalista.
A sua ocupação não fica só pelo jornalismo foi também apresentador de programas de televisão e rádio, director de jornais, revistas e escritor.
Mário Zambujal define-se a si mesmo como um homem de muitas paixões.
O seu primeiro livro, que já vai na 28ª edição, “Crónica dos Bons Malandros”, chega ao público em 1980, seguido de “Histórias do Fim da Rua “(1983), “A Noite Logo se Vê” (1986), “Os Novos Mistérios de Sintra”, este partilhado com mais seis escritores (2005).
Mais recentemente foi lançado o “Código de Avintes”, onde Mário Zambujal participa com mais seis escritores, à semelhança de “Os Novos Mistérios de Sintra”.
Mário Zambujal é um senhor já com setenta anos, com um sentido de humor refinado, que passa para os seus livros.


O velho que lia romances de amor,
de Luís Sepúlveda
(****)



Resumo:

Tendo como cenário a selva amazónica, uma nova cultura e um povo completamente diferente do habitual, a história desenvolve-se á volta de El Idilio e El Dorado onde um homem, de idade já avançada, decide aventurar-se e aprender a vida "selvagem". Passa longos anos em convivência com os Xuar com quem aprende a caçar, a conviver com os animais da floresta e a procurar alimento para a sua subsistência. Apesar desta convivência com os Xuar, António José Bolivar não é um deles e vê-se forçado a abandonar o local livre de que tento gosta.
Recolhe-se numa casinha com recordações da sua falecida mulher e dedica-se á leitura de livros de amor, onde descobre uma nova paixão.
Uma vaga de mortes "ataca" El Idilio onde aparecem vários caçadores mortos por uma fêmea em fúria.
António José Bolívar, com os seus conhecimentos antigos, a pedido da administração, parte para a selva onde vai ter de caçar a dita puma e impedir que haja mais mortos.
Estes dias na selva, trazem-lhe muitas recordações dos tempos com os Xuar e de todos os seus processos para caçar os animais.


Comentário pessoal:

Eu gostei da história desta obra, mas ainda mais da maneira como esta está escrita. Não é como aqueles livros onde a história avança muito depressa, onde mal dá tempo para apreciar verdadeiramente o conteúdo.
Antes pelo contrário, "O Velho que Lia Romances de Amor" vai falando da experiência de vida da António José Bolívar (a minha personagem preferida) misturada com os acontecimentos relativos ao espaço e tempo onde a história se passa.
Nesta obra um dos aspectos que mais me surpreendeu foi a descrição da selva dada pelo autor, pois desta forma este, na minha opinião, consegue proporcionar ao leitor a capacidade de imaginar que se encontra no local que estava a ser descrito.
Esta história também permite que nós façamos uma reflexão relativamente ao modo como tratamos a natureza e os animais, uma vez que, que neste livro é retratado o modo de vida dos Xuar em defesa da floresta e de todos os animais.
Já antes de ler a obra, muitas pessoas me tinha aconselhado a sua leitura. Agora, depois de ter acabado a sua leitura, digo que as minhas expectativas iniciais acerca desta foram atingidas.
Gostei muito, sugiro vivamente a sua leitura.


Biografia do autor


Luís Sepúlveda nasceu a 4 de Outubro de 1949, em Ovalle, no Chile. Reside actualmente em Gijón, na Espanha, após ter vivido em Hamburgo e Paris.
Membro activo da Unidade Popular chilena nos anos setenta, teve de abandonar o país após o golpe militar de Pinochet.
Viajou e trabalhou no Brasil, Uruguai, Paraguai e Peru. Viveu no Equador entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO.
Sepúlveda era, na altura, amigo de Chico Mendes, herói da defesa da Amazónia. Dedicou a Chico Mendes “O Velho que Lia Romances de Amor” (2006), o seu maior sucesso.
Perspicaz narrador de viagens e aventureiro nos confins do mundo, Sepúlveda concilia com sucesso o gosto pela descrição de lugares sugestivos e paisagens irreais com o desejo de contar histórias sobre o Homem, através da sua experiência, dos seus sonhos e das suas esperanças.

Cão como nós, de Manuel Alegre
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Resumo:

Trata-se de um livro auto-biográfico, que retrata um período da vida do autor e da sua família.
Neste livro fala - nos da história de um cão com uma personalidade deveras especial.
Esse cão é retratado como um ser único e, com carinho, o autor demonstra-nos a proximidade, a permanência, a inteligência e emoção do cão, tal como a sua ignorância pelas regras da casa e a criação das suas próprias normas. Com a sua morte, cria-se um vazio no coração de todos aqueles a quem o cão era alguém muito especial.



Comentário pessoal:

Esta foi a primeira obra que eu li, no âmbito do contrato de leitura.
Quando soube que o escritor deste livro era Manuel Alegre fiquei muito admirada, uma vez que não conhecia este lado de escritor deste político, mas desde já digo que após a leitura desta obra fiquei sua fã.
A partir do momento que comecei a ler o livro fiquei logo encantada, uma vez que este possui uma história surpreendente e muito comovente sobre um cão que, ao longo do tempo, foi perdendo a sua rebeldia e afeiçoando-se cada vez mais às pessoas que o rodeavam e que tanto gostavam dele.
Este livro permitiu – me recordar muitos bons momentos passados com animais de estimação que já tive, mas também permitiu - me relembrar o sofrimento que já vivi com a sua perda. Deste modo, a leitura desta obra proporcionou - me um misto de emoções, que variavam, desde o riso até às lágrimas.
Esta é uma obra curta, com um vocabulário muito acessível, e é aconselhada, especialmente, a pessoas que gostem de animais (como eu) mas, sobretudo, que gostem de uma história real e bonita.
Este foi sem dúvida uns dos livros que mais me deu prazer em ler, e por isso aconselho vivamente a sua leitura.





Biografia do autor


Manuel Alegre frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde desde muito cedo se empenhou em lutas académicas e na resistência ao regime político da época. Mandado para Angola em 1961, incentivou uma revolta militar contra a guerra colonial, acabando por se exilar em Argel no verão de 1964.
Só regressou a Portugal depois da revolução de Abril de 1974. A partir de então, dedicou-se à actividade política, continuando, porém, a escrita de obras literárias. A primeira obra escrita pelo autor foi “Praça da Canção” (1965).
Manuel Alegre também se dedica à poesia, que por vezes é criada com o intuito de ser recitada e até musicada Para escrever muitos dos seus poemas inspirou-se na contestação do presente, na luta contra a ditadura, no exílio e na Guerra da África, pelo que alguns poemas se tornaram canções de lamento e revolta de uma geração, como foi o caso de “Trova do Vento que Passa” ou “Canção com Lágrimas e Sol”.
“ Contra a Corrente” (1997) reúne os seus principais textos e discursos de intervenção política.
Além da actividade literária, o autor destacam-se, no plano político, nos cargos exercidos como vice-presidente da Assembleia da República e membro do Conselho de Estado.